As dificuldades que algumas crianças têm em consumir certos tipos de alimentos podem dever-se não à teimosia – como acreditam alguns adultos exasperados – mas, pura e simplesmente a uma incapacidade genética para serem expostos ao seu sabor.
Duas variações de ADN que codificam os hábitos alimentares exigentes foram identificadas pela primeira vez por cientistas da Universidade de Illinois (EUA) e ambos estão relacionados aos recetores de gosto amargo. Esta nova compreensão de como os gosto das crianças se desenvolve pode ajudar os pesquisadores a desenvolver estratégias para ajudar os pais a criar dietas saudáveis para os seus filhos, com alimentos que eles não recusem.
O estudo examinou crianças 153 entre os dois e os quatro anos. Nesta fase, a recusa de certos alimentos é comum, mas para algumas crianças pode transformar-se numa questão mais duradoura, que dificulta a manutenção de uma dieta saudável. A principal autora, Natasha Chong Cole e a sua equipa, fizeram a distinção entre três tipos de crianças difíceis de agradar à mesa: as que eram sensíveis ao gosto, as que recusam comida com bases emocionais e as que recusavam as refeições.
Mais tarde, os pesquisadores usaram amostras de saliva para comparar a composição genética dos vários grupos. Foi então descoberta uma mutação associada a uma sensibilidade da língua excessiva ao gosto amargo, que pode limitar a capacidade das crianças em ingerir alimentos em que este esteja presente, mesmo em quantidades pequenas.
Mais estudos vão ser agora realizados para ver como as preferências das crianças são também geneticamente influenciadas pelo aspeto ou cheiro de alimentos.