Teste de Imunidade à COVID-19: Entenda a Sua Importância

Desde o início da pandemia de COVID-19, têm surgido diversas ferramentas para ajudar a monitorizar, diagnosticar e prevenir a doença. Entre elas, o teste de imunidade à COVID-19 tornou-se particularmente relevante. Com o avanço da vacinação e a exposição natural ao vírus, saber se uma pessoa desenvolveu imunidade tornou-se uma questão pertinente tanto para especialistas em saúde pública como para cidadãos comuns. Este artigo explora em profundidade o que são os testes de imunidade, como funcionam, quais os seus diferentes tipos, e a sua utilidade real na atual fase da pandemia.

O que é um teste de imunidade à COVID-19 e como funciona?

Os testes de imunidade à COVID-19 têm como objetivo avaliar se uma pessoa desenvolveu anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2, como resultado de uma infeção anterior ou da vacinação. Estes testes não são utilizados para diagnosticar a infeção ativa, mas sim para perceber se o organismo já teve contacto com o vírus e desenvolveu alguma forma de defesa imunitária.

Os dois principais tipos de imunidade que podem ser avaliados são:

  • Imunidade humoral: relacionada com a presença de anticorpos circulantes no sangue.
  • Imunidade celular: baseada na resposta das células T, que reconhecem e eliminam células infetadas.

A maioria dos testes atualmente disponíveis no mercado foca-se na imunidade humoral. Estes testes, feitos com base em análise de sangue, detectam anticorpos específicos contra o vírus, nomeadamente as imunoglobulinas IgM e IgG. A IgM aparece normalmente nas fases iniciais da resposta imunitária, enquanto a IgG demonstra uma resposta mais sustentada e geralmente indica imunidade adquirida após infeção ou vacinação.

É importante destacar que nem todos os testes serológicos oferecem a mesma fiabilidade. A sua sensibilidade e especificidade podem variar dependendo do fabricante e do momento em que o teste é realizado. Por isso, deve-se sempre recorrer a laboratórios certificados e testes aprovados por autoridades sanitárias como o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) ou outras entidades europeias.

Outro fator essencial é o tempo decorrido desde a infeção ou vacinação. Testes realizados muito cedo podem não detetar os anticorpos, e o mesmo pode acontecer meses depois, quando os níveis de anticorpos diminuíram. No entanto, o sistema imunitário pode ainda “recordar-se” do vírus e reagir eficazmente a um novo contacto, mesmo com baixos níveis de anticorpos circulantes.

Há ainda uma vertente mais avançada, menos disponível comercialmente, que analisa a resposta das células T através de técnicas laboratoriais especializadas. Estes testes são usados sobretudo em investigações científicas, uma vez que requerem tecnologia mais complexa e não estão facilmente acessíveis ao público em geral.

Portanto, o teste de imunidade à COVID-19 é uma ferramenta útil para avaliar a exposição anterior ao vírus, mas não deve ser visto como um “passaporte de imunidade”. Ter anticorpos não equivale necessariamente à proteção total, e a resposta imunitária varia muito de pessoa para pessoa.

Utilidade e implicações dos testes de imunidade na fase atual da pandemia

Com o avanço das campanhas de vacinação em Portugal e na Europa, muitos cidadãos questionam se ainda é útil realizar um teste de imunidade à COVID-19. A resposta depende de vários fatores: da história clínica da pessoa, do seu estado vacinal, e do objetivo com que se pretende realizar o teste.

Entre os principais motivos que levam uma pessoa a fazer um teste de imunidade encontram-se:

  • Verificar se desenvolveu anticorpos após infeção assintomática não diagnosticada;
  • Confirmar a resposta imunológica após completar o esquema vacinal;
  • Participar em estudos científicos ou campanhas de rastreio massivo;
  • Obter orientação médica personalizada no caso de ser imunocomprometido;
  • Reduzir ansiedade ou dúvidas relacionadas com a imunidade própria ou dos familiares.

No entanto, é fundamental compreender que a presença de anticorpos, especialmente os IgG, não é garantia absoluta contra futuras infeções. As novas variantes do SARS-CoV-2, como a Ómicron e as suas subvariantes, demonstraram capacidade de evadir parte da imunidade pré-existente, especialmente quando os níveis de anticorpos são baixos.

Adicionalmente, a imunidade de grupo continua a ser um conceito complexo. A ideia de que uma percentagem elevada da população com anticorpos poderia travar a circulação do vírus tem-se revelado difícil na prática, principalmente devido às características mutáveis do próprio vírus. Ainda assim, os testes de imunidade podem ter valor na vigilância epidemiológica, ajudando a mapear que zonas estão mais expostas ou mais protegidas.

Para os profissionais de saúde, os testes de imunidade podem ser uma ferramenta importante na decisão clínica, nomeadamente em grupos vulneráveis como os idosos, doentes crónicos e pessoas imunossuprimidas. Com base nos resultados, pode ser equacionada a administração de doses de reforço adicionais ou outras medidas preventivas.

Por outro lado, existe o risco da população interpretar incorretamente os resultados. Por exemplo, um teste negativo pode ser mal interpretado como ausência completa de proteção, quando, na verdade, apenas indica falta de anticorpos detectáveis. Da mesma forma, um teste positivo pode levar a comportamentos de risco injustificados, sob a falsa perceção de estar totalmente protegido.

O ideal é que a realização do teste de imunidade seja sempre acompanhada de aconselhamento médico profissional. Só um profissional de saúde poderá interpretar corretamente os resultados à luz do histórico clínico de cada pessoa e da situação epidemiológica vigente.

Em resumo, apesar de não serem indispensáveis para todos, os testes de imunidade à COVID-19 continuam a ter um papel relevante, sobretudo em contextos clínicos específicos e para fins de investigação epidemiológica.

Com a contínua evolução da pandemia e da ciência, espera-se que no futuro estes testes se tornem cada vez mais precisos e úteis para a tomada de decisões em saúde pública.

Os testes de imunidade à COVID-19 permitem avaliar a resposta do organismo ao vírus, seja pela infeção natural ou pela vacinação. Estes testes, baseados predominantemente na deteção de anticorpos, oferecem informações valiosas, embora não de forma absoluta. É crucial interpretar os resultados com cautela e suporte médico, evitando falsas sensações de segurança ou de vulnerabilidade. Ainda que a imunidade não dependa apenas da presença de anticorpos, os testes continuam a ter um papel relevante na vigilância epidemiológica, investigação científica e orientação clínica em casos particulares. Assim, ao serem corretamente utilizados, representam mais uma ferramenta no combate à pandemia.