A febre amarela é uma doença viral grave, transmitida por mosquitos infetados, que pode provocar desde sintomas leves até complicações fatais. A prevenção continua a ser a forma mais eficaz de proteção da população e a vacina contra a febre amarela assume um papel fundamental neste contexto. Este artigo foca-se no que é a febre amarela, como se transmite, a importância da vacinação, quem deve ser vacinado e os cuidados a ter antes de viajar para regiões com risco. Ao compreender melhor esta doença e a sua prevenção, os cidadãos poderão proteger-se eficazmente e contribuir para o controlo desta infeção.
O que é a febre amarela e como a vacina atua
A febre amarela é causada por um vírus do género Flavivirus, transmitido principalmente por mosquitos do género Aedes (em áreas urbanas) e Haemagogus (em áreas silvestres). A doença pode manifestar-se de forma leve, com sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dores musculares e náuseas, mas pode evoluir para formas graves, com icterícia, hemorragias internas e disfunção hepática, podendo levar à morte.
A vacinação é a estratégia mais eficaz para impedir a disseminação do vírus. A vacina contra a febre amarela é uma vacina viva atenuada, o que significa que contém o vírus enfraquecido, suficiente para estimular o sistema imunitário a produzir uma resposta duradoura. É geralmente administrada em dose única e oferece imunidade ao longo da vida, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, alguns países continuam a exigir doses de reforço ou comprovativo de vacinação recente para entrada em seu território.
No contexto de vacinação internacional, o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) é emitido após a administração da vacina. Este documento, reconhecido pelas autoridades de saúde a nível global, é muitas vezes obrigatório para entrada em países com risco de transmissão da doença. A vacina deve ser administrada pelo menos 10 dias antes da data da viagem para garantir proteção efetiva.
Vantagens da vacinação:
- Confere imunidade duradoura contra o vírus da febre amarela;
- Reduz o risco de surtos em regiões urbanas e zonas com baixa cobertura vacinal;
- É exigida por muitos países como medida de profilaxia obrigatória;
- Ajuda no controlo global da disseminação da doença.
A vacina está geralmente contraindicada para alguns grupos, como crianças com menos de 9 meses, grávidas, pessoas imunodeprimidas ou com alergias graves a componentes da vacina (como o ovo). Nestes casos, deve ser realizada uma avaliação pormenorizada com um profissional de saúde para analisar riscos e benefícios.
Vacinação contra a febre amarela em Portugal e recomendações para viajantes
Em Portugal, a vacinação contra a febre amarela não faz parte do Programa Nacional de Vacinação, dado não existirem casos autóctones da doença no país. No entanto, é recomendada para viajantes que se desloquem a zonas endémicas da América do Sul e de África, onde a doença é mais prevalente. A vacina está disponível nos Centros de Vacinação Internacional (CVI), que integram a rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), os viajantes devem procurar orientação médica com antecedência, idealmente com mais de um mês antes da viagem. Esta orientação é fundamental para avaliar a necessidade da vacinação, tendo em conta o destino, o itinerário, a duração da estadia e a existência de eventuais contraindicações.
Regiões com exigência da vacina:
- Brasil (sobretudo regiões da Amazónia e interior);
- África subsaariana (especialmente Angola, Nigéria, República Democrática do Congo);
- Alguns países asiáticos, em caso de passageiros oriundos de regiões endémicas.
Para além da vacinação, os viajantes devem adotar medidas de proteção contra picadas de mosquitos, tais como:
- Utilização de repelentes apropriados para zonas tropicais;
- Uso de roupas compridas, especialmente ao entardecer;
- Instalação de redes mosquiteiras nos locais de descanso;
- Preferência por alojamentos com ar condicionado ou janelas protegidas por rede.
A adesão à vacinação tem contribuído significativamente para a diminuição de surtos em regiões anteriormente afetadas. Contudo, a mobilidade internacional e as alterações ambientais favorecem a manutenção da vigilância e a adaptação contínua das políticas de vacinação. Em situações de surtos, como o registado no Brasil em 2017-2018, a OMS pode emitir alertas e alterar temporariamente as orientações relativas à dose da vacina, reforçando a importância do acompanhamento regular das recomendações das autoridades de saúde.
As campanhas de sensibilização sobre a febre amarela e a vacina continuam a ser indispensáveis, sobretudo em contextos de imigração e turismo internacional. A informação acessível, clara e baseada em evidência científica permite que os indivíduos tomem decisões conscientes sobre a sua saúde e segurança.
Para profissionais de saúde, é essencial manterem-se atualizados em relação à evolução epidemiológica da doença e das vacinas disponíveis, garantindo que oferecem aconselhamento adequado, baseado nas diretrizes da DGS, OMS e outras entidades relevantes.
Com a crescente interligação global, a prevenção de doenças transmitidas por vetores, como é o caso da febre amarela, passa por um esforço colaborativo entre governo, profissionais de saúde e a população em geral, sendo a vacinação uma pedra basilar nesta estratégia.
Em suma, a febre amarela continua a representar uma ameaça real em determinadas regiões do mundo, sendo a vacina a forma mais segura, eficaz e acessível de prevenir a doença. Em Portugal, embora a vacinação contra esta infeção não seja obrigatória para a população em geral, é altamente recomendada para quem viaja para zonas de risco. A correta informação, somada à adesão à vacinação e demais medidas de proteção, representa não só um ato de autoproteção como também de responsabilidade coletiva. A doença é evitável e todos temos um papel importante na sua prevenção e controlo.

