Subida do leite: sinais desafios e como lidar com eles

A subida do leite é um fenómeno comum que ocorre nos primeiros dias após o parto, sendo um momento marcante para muitas mães. No entanto, apesar da sua naturalidade, ainda existem muitas dúvidas e mitos em torno deste processo fisiológico. A preparação adequada e o conhecimento sobre o que esperar podem fazer uma grande diferença na experiência de amamentação. Neste artigo, vamos explorar de forma aprofundada o que é a subida do leite, por que acontece, quais os sinais que indicam a sua chegada e como lidar com os desafios que podem surgir durante esta fase inicial tão importante da lactação.

O que é a subida do leite e como funciona

A subida do leite, também conhecida como apojadura, é o processo fisiológico em que o leite materno começa a ser produzido em maiores quantidades, geralmente entre 48 a 72 horas após o parto. Nos primeiros dias, o corpo da mãe produz colostro, uma substância espessa, amarelada e altamente nutritiva, repleta de anticorpos essenciais para o recém-nascido. Com o estímulo da sucção do bebé e alterações hormonais do pós-parto, o colostro dá lugar ao leite maduro, mais fluido e em volumes superiores.

Este processo é desencadeado principalmente pela queda acentuada dos níveis de progesterona após a saída da placenta, que permite ao corpo aumentar rapidamente a produção de prolactina – a hormona responsável pela produção de leite. Ao mesmo tempo, a ocitocina estimula as células mioepiteliais da mama, permitindo a ejeção do leite através dos ductos lactíferos.

Principais sinais da subida do leite:

  • Sensação de calor ou formigueiro nas mamas
  • Aumento do volume e da firmeza mamária
  • Vazamento espontâneo de leite
  • Maior frequência e eficácia nas mamadas do bebé

É importante referir que a intensidade dos sintomas pode variar significativamente de mulher para mulher. Algumas mães sentem desconforto ou mesmo dor circunstancial devido ao inchaço e ao aumento da pressão nas glândulas mamárias, mas, em geral, esta fase tende a estabilizar com o tempo e com a amamentação regular.

Como lidar com a subida do leite e evitar complicações

Embora a subida do leite seja sinal de que o corpo está a funcionar como esperado, pode, por vezes, trazer consigo dificuldades que requerem atenção especial. Uma subida do leite muito intensa pode resultar em ingurgitamento mamário – uma condição em que os seios ficam excessivamente cheios, duros e dolorosos. Para prevenir este desconforto e evitar complicações como mastites (inflamações mamárias), é fundamental adotar algumas boas práticas.

Dicas para uma abordagem saudável à subida do leite:

  • Amamentar frequentemente: O impulso da sucção do bebé é o melhor estímulo para regular a produção de leite. Ofereça o peito sempre que o bebé demonstrar sinais de fome.
  • Correta pega do bebé: Certifique-se de que o bebé faz uma pega eficiente, cobrindo não apenas o mamilo, mas também parte da aréola. Uma pega deficiente pode interferir na extração adequada do leite.
  • Massagens mamárias e aplicação de calor: Antes da mamada, aplicar uma compressa morna e fazer ligeiras massagens pode ajudar a facilitar o fluxo de leite e reduzir o desconforto.
  • Extração manual ou com bomba: Se o bebé não esvaziar completamente a mama ou se houver dor significativa, extrair uma pequena quantidade do leite pode aliviar a pressão. No entanto, é importante não exagerar, pois a extração excessiva pode sinalizar ao corpo que deve produzir ainda mais leite.
  • Cuidados com o soutien: Usar um soutien de amamentação adequado, que ofereça sustentação sem compressão excessiva, pode ajudar a evitar obstruções dos canais de leite.

Além disso, é essencial que a mãe esteja emocionalmente apoiada e bem informada. A ansiedade e o stress podem interferir na descida e na ejeção do leite, pelo que o ambiente deve ser tranquilo e encorajador. O acompanhamento por profissionais experientes em amamentação, como conselheiras de lactação e enfermeiras de saúde materna, pode ser decisivo nesta fase e prevenir complicações a longo prazo.

Por vezes, pode haver atraso na subida do leite, especialmente em casos de cesariana, parto prematuro ou separação precoce da mãe e do bebé. Nestes casos, a estimulação frequente, mesmo que inicialmente sem leite visível, é essencial para induzir a produção e assegurar o sucesso da amamentação.

Também importa sublinhar que não existe uma “norma” única para este processo. Cada mãe tem o seu tempo, e a subida do leite pode ocorrer de forma gradual, o que não significa, necessariamente, que haja algo de errado. O mais importante é garantir que o bebé está a receber nutrição adequada e que a mãe se sente confortada e apoiada.

Por fim, importa destacar a importância da hidratação adequada e de uma alimentação equilibrada nesta fase. O corpo requer energia e líquidos suficientes para se adaptar à nova exigência metabólica de produzir leite em grandes quantidades. Dormir bem e cuidar da saúde mental também contribuem positivamente para todo o processo de lactação.

Tal como qualquer outro aspecto da maternidade, a subida do leite é um momento tão físico como emocional. Encará-la com naturalidade e informação contribui para uma experiência mais tranquila e satisfatória para mãe e bebé.

Em resumo, a subida do leite é uma etapa essencial e natural do processo de amamentação. Embora possa estar associada a algum desconforto, com o conhecimento adequado, apoio e cuidados corretos, é possível passar por esta fase com sucesso e confiança. Estar bem informada é o primeiro passo para uma amamentação equilibrada, confortável e positiva tanto para a mãe como para o bebé.