A pílula combinada é um dos métodos contracetivos mais utilizados em Portugal e no mundo inteiro. Trata-se de um contraceptivo oral hormonal que combina dois tipos de hormonas sintéticas semelhantes às hormonas naturais do corpo feminino: estrogénio e progestagénio. A sua popularidade deve-se à sua elevada eficácia na prevenção de gravidezes não desejadas, mas também ao seu impacto positivo em vários aspetos da saúde feminina. Neste artigo, iremos explorar em pormenor o que é a pílula combinada, como funciona, quais os seus benefícios e riscos, bem como as principais recomendações para a sua utilização consciente e informada.
Como funciona e tipos de pílula combinada
A pílula combinada atua de diversas formas para evitar uma gravidez:
- Inibição da ovulação: a hormona sintética impede que os ovários libertem óvulos, bloqueando assim a ovulação;
- Espessamento do muco cervical: torna o muco do colo do útero mais espesso, dificultando a entrada dos espermatozoides no útero;
- Alteração do revestimento do útero: faz com que o endométrio se torne menos propício à implantação de um óvulo fertilizado.
Existem diversos tipos de pílula combinada disponíveis no mercado, que se diferenciam principalmente pelas dosagens hormonais e pelo esquema de toma:
- Monofásicas: todas as pílulas da embalagem contêm a mesma quantidade de estrogénio e progestagénio;
- Bifásicas e trifásicas: as dosagens hormonais variam ao longo do ciclo para imitar mais de perto o ciclo menstrual natural;
- Com esquema 21/7: a mulher toma 21 dias de pílulas ativas e faz uma pausa de 7 dias ou toma 7 pílulas placebo;
- Esquema contínuo ou estendido: algumas marcas permitem tomar a pílula sem pausas para evitar menstruações mensais.
A escolha do tipo de pílula ideal depende de vários fatores como saúde geral, histórico clínico, idade e estilo de vida. É essencial consultar um profissional de saúde para encontrar a opção mais adequada.
O início da toma deve ser cuidadosamente planeado. Idealmente, inicia-se no primeiro dia da menstruação, garantindo proteção imediata. Se começar noutro dia do ciclo, é recomendada a utilização de outro método de barreira, como o preservativo, nos primeiros sete dias.
Benefícios, efeitos secundários e recomendações
A pílula combinada apresenta vários benefícios além da função contracetiva, sendo muitas vezes prescrita por razões médicas que vão além da contraceção:
- Regulação do ciclo menstrual: útil para mulheres com ciclos irregulares ou muito abundantes;
- Redução das dores menstruais: alivia a dismenorreia, tornando os ciclos menos dolorosos;
- Melhoria de condições dermatológicas: ajuda no tratamento da acne e do hirsutismo (excesso de pelos);
- Redução do risco de certas doenças: como quistos ovarianos, doenças benignas da mama e cancro do endométrio e ovário.
No entanto, existem também riscos e efeitos secundários associados ao uso da pílula combinada, especialmente em mulheres com fatores de risco pré-existentes:
- Efeitos comuns: náuseas, dores de cabeça, aumento de peso, sensibilidade mamária e alterações de humor;
- Riscos mais sérios: aumento do risco de trombose venosa profunda, AVC e enfarte do miocárdio, especialmente em fumadoras com mais de 35 anos.
É por isso que a pílula combinada deve ser sempre prescrita por um médico, que avaliará o histórico clínico da paciente, os seus fatores de risco cardiovascular, e possivelmente fará exames complementares antes da prescrição.
Algumas recomendações fundamentais para o uso eficaz e seguro da pílula combinada incluem:
- Tomar a pílula diariamente à mesma hora para garantir máxima eficácia;
- Evitar esquecimentos — um erro comum que pode comprometer a proteção;
- Consultar o médico regularmente para rever a adequação do método;
- Estar atenta a interações medicamentosas — certos antibióticos e outros medicamentos podem reduzir o efeito da pílula;
- Interromper a toma e procurar aconselhamento médico se ocorrerem sintomas como dores fortes nas pernas, dificuldade em respirar ou dores no peito.
As mulheres que decidem interromper a pílula podem engravidar normalmente logo após a suspensão, embora em alguns casos o ciclo normal possa demorar algumas semanas a restabelecer-se. É também possível fazê-lo sem risco, desde que seja feita a transição para outro método contracetivo, caso a gravidez não seja desejada.
Importa também referir que a pílula combinada não protege contra infeções sexualmente transmissíveis. O uso simultâneo de preservativo é sempre aconselhado em relações com parceiros sexuais novos ou múltiplos.
Para adolescentes, apesar de haver alguma controvérsia, a pílula combinada pode ser uma excelente escolha contracetiva, sendo também eficaz no tratamento de acne e regulação hormonal. Contudo, aconselhamento médico e educação sexual adequada são imprescindíveis para promover o uso responsável e consciente.
Na menopausa, a pílula combinada raramente é recomendada devido ao aumento natural do risco cardiovascular, sendo mais apropriadas as terapias hormonais específicas para essa fase da vida.
Em suma, a pílula combinada é um método eficaz, seguro e multifacetado, mas cuja utilização exige conhecimento, responsabilidade e orientação médica contínua.
A pílula combinada representa uma importante conquista na autonomia reprodutiva da mulher, permitindo-lhe planear a sua fertilidade e prevenir gravidezes indesejadas com elevada eficácia. Além disso, para muitas mulheres, oferece benefícios adicionais como o alívio de problemas menstruais e hormonais. No entanto, como qualquer medicamento, não está isenta de efeitos secundários e contraindicações, pelo que o seu uso deve ser sempre devidamente informado e acompanhado por um profissional de saúde. A escolha do método contracetivo ideal deve respeitar as necessidades e o perfil de cada mulher, garantindo assim um uso responsável, eficaz e seguro.