Síndrome do Túnel Cárpico: Causas, Sintomas e Tratamento

A síndrome do túnel cárpico é uma condição comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo particularmente prevalente entre aqueles que executam tarefas repetitivas com as mãos, como digitação, costura ou montagem de componentes. Trata-se de uma neuropatia compressiva que afeta o nervo mediano ao nível do punho, causando sintomas que podem ir de ligeiros desconfortos a dores incapacitantes. Neste artigo, vamos aprofundar o que é esta síndrome, quais os seus sintomas, causas e fatores de risco, formas de diagnóstico e tratamento, assim como formas eficazes de prevenção, com uma abordagem direcionada ao contexto português.

O que é a Síndrome do Túnel Cárpico e quais são as suas causas?

A síndrome do túnel cárpico ocorre quando o nervo mediano, que percorre o antebraço até à mão através de um pequeno canal no pulso chamado túnel cárpico, é comprimido. Este nervo é responsável por fornecer sensação e motricidade ao lado palmar dos três primeiros dedos e de parte do quarto dedo, bem como ao músculo tenar, que controla os movimentos do polegar.

Existem várias causas conhecidas para esta compressão do nervo mediano. Destacam-se entre elas:

  • Movimentos repetitivos: Actividades que envolvem a flexão e extensão constante do punho, como digitar ou utilizar o rato do computador, são factores de risco significativos.
  • Posturas incorretas: Trabalhar em posições pouco ergonómicas pode aumentar a pressão no túnel cárpico ao longo do tempo.
  • Condições médicas: Doenças como diabetes, artrite reumatoide, hipotiroidismo ou obesidade podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome.
  • Gravidez: Devido à retenção de líquidos, é comum que mulheres grávidas apresentem sintomas temporários de túnel cárpico.
  • Predisposição genética: Algumas pessoas podem ter naturalmente um túnel cárpico mais estreito, o que aumenta o risco da condição.

Os sintomas mais comuns incluem dormência, formigueiro, dor e fraqueza na mão, particularmente durante a noite ou ao acordar. Nas fases mais avançadas, pode haver perda de força muscular, especialmente no polegar, o que interfere com tarefas simples, como segurar uma chávena de café ou escrever à mão.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

O diagnóstico da síndrome do túnel cárpico é geralmente clínico, com base nos sintomas relatados pelo paciente e exame físico. Um dos testes mais comuns é o teste de Tinel, em que se percutem suavemente os nervos no punho; se o paciente sentir choques ou formigueiro, é um indicativo da condição. Outro teste frequente é o de Phalen, em que se pede ao paciente para manter os punhos fletidos por cerca de um minuto; o surgimento de sintomas confirma a suspeita.

Para confirmação e avaliação da gravidade, podem ser solicitados exames complementares, como:

  • Estudos de condução nervosa: Avaliam a velocidade dos impulsos elétricos ao longo do nervo mediano.
  • Electromiografia: Avalia a atividade elétrica nas fibras musculares inervadas pelo nervo mediano.
  • Ecografia ou ressonância magnética: Em casos específicos, servem para identificar alterações estruturais no canal cárpico.

O tratamento varia consoante a gravidade da condição. Em fases iniciais, pode limitar-se a medidas conservadoras:

  • Modificação de hábitos: Reduzir ou interromper as atividades que agravam os sintomas.
  • Uso de talas noturnas: Mantêm o punho numa posição neutra durante a noite.
  • Medicação anti-inflamatória: Pode ajudar a aliviar a dor e reduzir o inchaço.
  • Injeções de corticosteroides: Em alguns casos, oferecem alívio temporário dos sintomas.

Se os sintomas persistirem por mais de seis meses ou se houver perda muscular, poderá ser necessária intervenção cirúrgica. A cirurgia tem como objetivo libertar o nervo mediano através da secção do ligamento que cobre o túnel cárpico. Este procedimento é geralmente eficaz e tem um tempo de recuperação relativamente rápido, especialmente quando acompanhado de fisioterapia.

A prevenção desempenha um papel fundamental, especialmente em contextos laborais. Algumas estratégias preventivas incluem:

  • Adotar uma postura ergonómica: Usar suportes para os pulsos e ajustar a altura da cadeira e da secretária.
  • Fazer pausas frequentes: Durante atividades repetitivas, é essencial descansar as mãos e mudar de posição regularmente.
  • Praticar exercícios de alongamento: Alongamentos simples dos dedos, mãos e pulsos ajudam a manter a elasticidade e a circulação.
  • Evitar movimentos forçados ou em má posição: Utilizar ferramentas adaptadas pode reduzir o esforço necessário.

Além disso, manter um estilo de vida saudável, evitar o excesso de peso e controlar doenças crónicas como a diabetes, são formas eficazes de reduzir o risco.

A sindrome do túnel cárpico não deve ser ignorada, pois pode evoluir para uma condição incapacitante. Felizmente, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos casos tem bom prognóstico.

Em suma, a síndrome do túnel cárpico é uma condição frequentemente causada por movimentos repetitivos e posturas inadequadas, sendo especialmente relevante para profissões que envolvam o uso contínuo das mãos. O diagnóstico correto, feito atempadamente, permite a escolha de tratamentos eficazes – que variam desde medidas conservadoras a cirurgia. A prevenção, por sua vez, passa por práticas ergonómicas, pausas regulares e cuidados com a saúde geral. Com a devida atenção, é possível minorar ou até evitar esta neuropatia, garantindo bem-estar e qualidade de vida no quotidiano pessoal e profissional.