Minigeste é um nome comercial de um contraceptivo oral muito utilizado em Portugal e em vários outros países europeus. Este tipo de anticoncecional de baixa dosagem hormonal é frequentemente escolhido por mulheres que têm sensibilidade a níveis elevados de estrogénios ou procuram uma opção mais leve de pílula combinada. Neste artigo, vamos explorar a bula da Minigeste — ou seja, as informações oficiais do medicamento — abordando os seus componentes, indicações, forma de uso, contraindicações, potenciais efeitos secundários e outras precauções importantes. O objetivo é fornecer um guia claro e detalhado para utilizadoras atuais e futuras deste fármaco.
Composição, modo de ação e forma de utilização da Minigeste
A Minigeste é um contraceptivo oral combinado, o que significa que contém dois tipos de hormonas: um estrogénio sintético (etinilestradiol) e um progestagénio (gestodeno). Cada embalagem de Minigeste contém habitualmente 21 comprimidos ativos, que devem ser tomados diariamente, sempre à mesma hora, durante 21 dias consecutivos. Após esta tomada, deve fazer-se uma pausa de 7 dias sem comprimidos, durante a qual ocorre normalmente uma hemorragia semelhante à menstruação.
O mecanismo de ação da Minigeste baseia-se em três pilares principais:
- Inibição da ovulação – impedindo que o óvulo seja libertado pelos ovários;
- Alteração do muco cervical – tornando-o mais espesso e dificultando a entrada dos espermatozoides no útero;
- Modificação do endométrio – tornando o revestimento do útero menos receptivo à implantação de um óvulo fertilizado.
A eficácia da Minigeste, quando tomada corretamente, é superior a 99%, o que significa que menos de 1 mulher em cada 100 engravida num ano de uso. No entanto, se for tomada de forma incorreta — por exemplo, com esquecimentos ou interações medicamentosas — esta eficácia pode reduzir consideravelmente. Por este motivo, é essencial seguir as instruções do folheto informativo cuidadosamente.
É importante também saber o que fazer em caso de esquecimento. Se o esquecimento for inferior a 12 horas, o comprimido pode ser tomado assim que possível e a proteção é mantida. Se o esquecimento for superior a 12 horas, a proteção pode estar comprometida, sendo necessário seguir as instruções específicas da bula, que variam de acordo com o momento do ciclo em que ocorre o esquecimento.
Outro aspeto importante é o início do uso. Para mulheres que não usaram anteriormente qualquer tipo de contraceptivo hormonal, recomenda-se o início da toma no primeiro dia do ciclo menstrual. Para quem está a fazer a transição de outro método hormonal (como outra pílula, anel vaginal, adesivo ou injetável), o folheto da Minigeste fornece diretrizes específicas sobre quando iniciar o novo ciclo de medicação para garantir proteção contraceptiva contínua.
Contraindicações, efeitos secundários e precauções especiais
Tal como qualquer outro medicamento, a Minigeste não é indicada para todas as mulheres. Existem várias contraindicações importantes mencionadas na bula que devem ser conhecidas antes do início do uso do medicamento. Entre estas contraindicações destacam-se:
- Histórico de trombose venosa ou arterial;
- Doenças cardiovasculares, como enfarte do miocárdio ou AVC;
- Migraenas graves com sintomas neurológicos (como aura visual);
- Doenças hepáticas graves;
- Presença ou suspeita de cancro sensível a estrogénios, como cancro da mama;
- Sangramento vaginal de origem desconhecida.
A existência de qualquer uma destas condições obriga a uma avaliação médica cuidadosa, podendo ser recomendada a escolha de um método contraceptivo alternativo. Além disso, é fundamental informar o médico sobre qualquer medicação que esteja a tomar, incluindo suplementos, pois alguns medicamentos podem interferir com a eficácia da Minigeste. Entre os medicamentos que podem ter interação estão os usados para tratar epilepsia, tuberculose, HIV e infecções fúngicas.
Em relação aos efeitos secundários, embora a maior parte das mulheres tolere bem a Minigeste, podem surgir, sobretudo nos primeiros meses de uso, efeitos como:
- Náuseas ou vómitos;
- Dores de cabeça;
- Tensão ou dor mamária;
- Alterações do humor e da libido;
- Manchas de sangue entre menstruações (spotting);
- Aumento de peso;
- Irritação ocular com lentes de contacto.
Se os efeitos indesejáveis forem persistentes ou muito incómodos, deve-se consultar um profissional de saúde. Em casos raros, podem surgir efeitos graves como sinais de trombose (dor intensa numa perna, falta de ar súbita, dor no peito), que exigem atenção médica imediata.
É também essencial abordar a avaliação médica antes de iniciar a toma da Minigeste. O médico fará um historial clínico e familiar para detetar fatores de risco que possam contraindicar o uso do contraceptivo. Exames físicos, medição da tensão arterial e avaliação de fatores metabólicos e hormonais podem fazer parte desta consulta inicial.
Durante o uso prolongado, deve-se manter uma vigilância regular, com consultas anuais ao ginecologista para avaliação do estado geral da saúde e da adequação do método anticoncecional. Em mulheres fumadoras, especialmente com mais de 35 anos, o uso de contraceptivos combinados como a Minigeste pode aumentar significativamente o risco de problemas cardiovasculares e, por isso, deve ser cuidadosamente discutido.
Por fim, é importante referir que a Minigeste não protege contra infeções sexualmente transmissíveis (IST), pelo que o uso de preservativo continua a ser recomendado em casos de relações sexuais ocasionais ou novos parceiros.
Para qualquer dúvida, é essencial consultar sempre o folheto informativo da Minigeste disponível na embalagem ou no site do Infarmed, e conversar com o seu médico ou farmacêutico de confiança.
Em síntese, a Minigeste é uma opção segura e eficaz de contraceção para muitas mulheres, desde que usada corretamente e sob supervisão médica. Com um bom conhecimento da bula e um acompanhamento regular, é possível tirar o maior partido desta pílula com mínimos riscos e maior tranquilidade.

