Terceira dose da vacina COVID-19 em Portugal: Importância e impacto

A pandemia da COVID-19 alterou profundamente o quotidiano global, trazendo consigo desafios nunca antes enfrentados pela sociedade moderna. Uma das principais armas no combate ao novo coronavírus tem sido a vacinação em massa. Em Portugal, tal como em muitos outros países, a vacinação contra a COVID-19 tem passado por várias etapas, sendo a terceira dose – frequentemente designada como dose de reforço – um tema central de debate e implementação na estratégia de saúde pública. Neste artigo, vamos aprofundar a importância da terceira dose da vacina contra a COVID-19, as populações-alvo, a eficácia demonstrada, e as diretrizes atualmente em vigor no contexto português.

A importância da terceira dose da vacina COVID-19

Com o passar do tempo desde as primeiras administrações da vacina contra a COVID-19, foi-se registando uma diminuição da proteção conferida pelas primeiras duas doses, especialmente com o surgimento de novas variantes do vírus, como a Delta e posteriormente a Ómicron. Neste contexto, surgiu a necessidade de administrar uma terceira dose – muitas vezes denominada como dose de reforço – para potenciar a resposta imunológica e garantir níveis de proteção adequados contra a infeção e, sobretudo, contra formas graves da doença.

A decisão de introduzir uma terceira dose foi suportada por diversos estudos científicos que demonstraram um aumento significativo dos anticorpos após a administração deste reforço. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem atualizado regularmente as suas recomendações, acompanhando a evolução da evidência científica e da situação epidemiológica.

A terceira dose tem sido administrada prioritariamente a grupos mais vulneráveis, como:

  • Idosos com mais de 60 anos
  • Pessoas residentes em lares e instituições de cuidados continuados
  • Profissionais de saúde e cuidadores
  • Indivíduos com comorbilidades ou sistemas imunitários comprometidos

Estas populações foram consideradas prioritárias não só pela maior probabilidade de desenvolverem complicações graves da doença, mas também por estarem mais expostas a ambientes de risco. Posteriormente, a terceira dose foi alargada gradualmente à restante população adulta, principalmente face à propagação de variantes mais transmissíveis.

Além disso, um aspeto importante a considerar é que a terceira dose não é necessariamente igual à dose inicial. Em muitos casos, as vacinas utilizadas para o reforço têm formulações adaptadas às variantes em circulação ou combinam diferentes tecnologias para otimizar a resposta imunológica. A abordagem heteróloga – isto é, utilizar uma vacina diferente na dose de reforço da usada nas doses iniciais – tem também demonstrado bons resultados em termos de eficácia e segurança.

É importante salientar que, mesmo com a terceira dose, continuam a ser recomendadas medidas como a utilização de máscara em espaços fechados, a higienização frequente das mãos e o distanciamento físico quando necessário. A vacina é uma ferramenta poderosa, mas deve ser integrada numa estratégia mais ampla de combate à pandemia.

Vacinação em Portugal: evolução, adesão e desafios

Portugal tem sido referenciado internacionalmente como um exemplo de sucesso na campanha de vacinação contra a COVID-19. Com uma taxa de vacinação superior à média europeia, o país conseguiu vacinar rapidamente grande parte da sua população, graças a uma logística bem organizada e à confiança generalizada dos cidadãos no Sistema Nacional de Saúde.

A adesão à terceira dose, no entanto, trouxe novos desafios. Com o abrandar da pandemia em certos períodos e o consequente relaxamento das medidas de contenção, muitos cidadãos começaram a considerar a vacinação como menos urgente. A perceção de risco diminuiu, levando a uma taxa de comparecimento inferior à registada nas fases anteriores da vacinação.

Para contornar este problema, as autoridades de saúde têm investido em campanhas informativas, sensibilizando a população para os seguintes pontos:

  • A imunidade conferida pelas primeiras doses diminui com o tempo
  • As variantes mais recentes podem escapar parcialmente à imunidade natural ou da vacina
  • A terceira dose oferece proteção renovada, especialmente contra casos graves e hospitalizações

Adicionalmente, foram implementadas medidas para facilitar o processo de vacinação, como:

  • A possibilidade de vacinação em centros de saúde e farmácias
  • Sistemas de agendamento online e por telefone
  • Campanhas móveis em regiões com menor cobertura

Outro ponto relevante tem sido a vacinação de reforço adaptada para diferentes grupos-etários. Por exemplo, nos últimos meses, as autoridades passaram a recomendar uma nova dose de reforço anual dirigida a grupos de maior risco, sobretudo antes do inverno – período em que a circulação de vírus respiratórios tende a aumentar.

Segundo os dados mais recentes da DGS, a eficácia da terceira dose na prevenção de hospitalizações ronda os 85-90% nas faixas etárias mais elevadas. É também associado à terceira dose um menor risco de desenvolver long COVID, uma condição caracterizada por sintomas persistentes que se mantêm mesmo meses após a infeção.

Apesar da presença contínua do vírus na comunidade, a vacina continua a ser uma das intervenções de saúde pública mais importantes para manter o controlo da pandemia e proteger aqueles que correm maior risco. Com a chegada das novas formulações específicas para variantes como a Ómicron, espera-se uma melhoria ainda maior na eficácia das campanhas de reforço.

Por fim, é fundamental que a população continue informada através de fontes fiáveis e atualizadas. A vacinação não é apenas uma escolha individual, mas um ato de responsabilidade coletiva que visa a proteção de toda a comunidade.

A terceira dose da vacina contra a COVID-19 representa um passo essencial na estratégia global para controlar a pandemia. Em Portugal, a sua implementação tem tido um impacto positivo, reforçando a imunidade das populações mais vulneráveis e contribuindo para a redução dos internamentos e mortes. À medida que o vírus evolui, é crucial manter atualizadas as estratégias de vacinação, adaptando-as às necessidades e características das novas variantes. A informação, a confiança nas instituições de saúde e o sentido de responsabilidade coletiva serão peças-chave no sucesso contínuo desta luta. A terceira dose é, por isso, não apenas recomendada, mas uma importante aliada na preservação da saúde pública em tempos desafiantes.